sábado, 21 de julho de 2012

FLAMENGO...NUNCA VI COISA IGUAL

AMIGOS RUBRO-NEGROS, SE TIVEREM UM TEMPINHO, VALE A LEITURA.

Como muitos rubro-negros, estou irritado com a situação atual do
Flamengo. E mesmo acreditando no trabalho do Zinho, não consigo
enxergar possibilidade efetiva de mudanças a curto e médio prazo para
os problemas de futebol da Gávea. Graças a Deus há pelo menos 4 times
piores que o Flamengo neste campeonato brasileiro e assim, em tese, o
risco de rebaixamento inédito não me assusta. Entendo que o clube
deveria verdadeiramente começar o planejamento para 2013 e assumir
publicamente que o grande objetivo este ano é enxugar a inacreditável
folha salarial do futebol e preparar a base de um novo time para as
próximas temporadas. Qualquer coisa diferente disso, será perda de
tempo, nocivo à Instituição e meramente político.

É impressionante como o Flamengo não consegue se reerguer. Até o
Corinthians hoje em dia colhe frutos de uma administração que soube
explorar o potencial de sua torcida, com inteligência nas ações de
marketing (embora tenha contado com valiosa contribuição do Poder
Público na questão do estádio e pela aliança inoportuna de seu
ex-presidente com a CBF). Há outros exemplos recentes de sucesso em
gestão empresarial no futebol brasileiro que poderiam servir como
parâmetro ou diretriz para o Flamengo. Mas não. Os mesmos caciques que
há quase 30 anos dominam o cenário político do clube se alternam no
poder e neste momento se colocam como "pilares da excelência de
administração" ou "salvação" para o clube. É desanimador o cenário. E
o pior: qualquer mudança neste panorama passa necessariamente por uma
reforma do estatuto do clube, o que convenhamos, será muito difícil
diante do baixíssimo número de sócios e interessados.

A solução poderia vir da torcida. E sendo um clube de massa, o
Flamengo possui uma torcida gigantesca, mas que em sua grande maioria
parece não entender o que se passa no clube. É irritante ver e ouvir
torcedores durante as partidas gritando e clamando por raça ou
idolatrando jogadores que sequer possuem a mínima condição de vestir a
camisa do clube. E quando a maior parte da torcida é cega, surda e
muda, as esperanças ficam ainda mais reduzidas. O problema é muito
maior.

Hoje em dia, ver jogo de futebol do Flamengo faz mal à saúde, mesmo de
quem não torce para o time. E isso não é culpa exclusiva do Joel, pois
antes do Luxemburgo, o time já fazia apresentações abaixo da média,
tanto que escapou por milagre do rebaixamento em 2010. E impressiona
saber que, em tese, há "profissionais" bem remunerados pelo clube com
a incumbência de administrar o futebol do clube. Custo a acreditar que
dentre tantos "profissionais", não haja um mísero espírito de luz
capaz de enxergar, por exemplo, que um time de futebol não pode ser
escalado com 4 volantes, que um volante de idade avançada não tem a
mínima condição de ser improvisado na lateral esquerda, que o Negueba
não possui condições técnicas para ser jogador do Flamengo e opção de
mudança no ritmo do jogo no segundo tempo, dentre outros.

Neste cenário atual há enigmas que precisam ser desvendados. Perguntas
que merecem respostas. Vou listar algumas abaixo:

1. A saída do Ibson em 2009 foi um dos fatores para a conquista do
hexa. "Perdemos" sua criatividade para a entrada do Pet, no "auge" de
seus 37 anos para comandar o meio-campo do time até a conquista. Veja,
o Ibson foi reserva na maior parte do tempo em TODOS os clubes que
jogou. E sempre atuou em sua posição de origem. Mas, no Flamengo,
carrega status de "ídolo", ganha um salário altíssimo e é
insubstituível, homem de confiança do Joel. Jogando como terceiro ou
quarto homem de meio-campo, prendendo em demasia a bola, errando
passes, proporcionando contra-ataques, reclamando de companheiros e da
arbitragem o tempo todo. Nenhum diretor ou vice-presidente de futebol
enxerga isso?

2. Rendendo abaixo da crítica desde 2009 (vide episódio diante do
Náutico no Maracanã), o Leo Moura ainda assim ostenta o status de
titular absoluto, melhor lateral do Brasil e é reverenciado pela mídia
especializada e pela torcida. Quer renovar por 3 anos (tem 34)
ganhando 500 mil reais por mês, sendo que já declarou que quer jogar
no meio-campo. Para que renovar então se o cara não será mais lateral?
E o risco trabalhista em caso de rescisão do contrato? Você acha que
realmente há mercado nacional interessado em pagar 500 mil reais por
mês a ele (relembre casos de Toró e o lateral Juan)? Dêem uma placa a
ele pelo tempo de clube, pelo bom futebol apresentado até 2008, mas
daí a renovar com ele no final do ano é uma temeridade. Há tempos o
Leo Moura não apóia, não marca, não faz nada em campo. A maioria dos
gols ou das jogadas dos adversários surgem na avenida que ele deixa
quando...não apóia ao ataque. Está sempre se escondendo do jogo, atrás
da linha da bola e de vez em quando surge no meio-campo, abandonando a
lateral.

3. Alguém precisa calar o Joel. Adora se vangloriar de 30 anos de
carreira. Mas te pergunto: você lembra 4 ou 5 bons trabalhos do Joel
nesse período? E de trabalhos ruins? Perceba, tratamos a exceção como
regra. E o clube banca um salário altíssimo para um sujeito que parou
no tempo (aliás, não é "privilégio" do Flamengo, temos técnicos ruins
que fazem rodízio nos principais clubes brasileiros sem nada a
acrescentar do ponto de vista tático ou técnico). E como ele, fizemos
o mesmo com Silas, Rogério Lourenço, Caio Junior...

4. Renato Abreu. Teve uma boa fase no Flamengo. Mas, hoje em dia
engessa o meio-campo. Não tem função. Aliás, tem. Cobrador de faltas.
Porque fora isso, não apóia, não marca, não faz nada. Chamá-lo de
ídolo é uma ofensa aos ídolos do passado. Antes do problema cardíaco,
o Renato já não corria em campo. Agora então complicou. Está vivendo
de 3 ou 4 gols que fez no ano. Não recebe uma bola durante a partida
sem antes fazer um giro de 360º e olhar para traz. Como rubro-negro
que diz ser, deveria ser o primeiro a pedir para sair. Que o clube lhe
dê alguma placa comemorativa, o convide para ser embaixador e tal, mas
jogador não dá mais.

5. Botinelli. Queria saber o nome do responsável no clube por
contratar jogadores sulamericanos. Peralta, Fierro, Max Bianchucci. É
normal errar tantas vezes? É o único argentino sem raça/vontade que
conheço.

6. Nos últimos tempos apostamos em Souza, Obina, Dimba, Dill, Josiel,
Negreiros, Vanderlei, Jael, Denis Marques. Juntos não fizeram 100 gols
em 1000 partidas pelo Flamengo. Agora a bola da vez é o tal do
Hernani. Fraco tecnicamente. É um poste. Fará 5 ou 6 gols e depois irá
para o Oriente Médio ou algum clube do Nordeste, sem deixar saudades.
Não temos um atacante nas categorias de base? Nossos treinadores da
base não poderiam treinar ou investir na formação de um jogador de
área? Cadê o planejamento e a integração com os profissionais? Junte o
salário e as luvas pagas a esses caras e já teríamos construído o CT
ou então pago boa parte das dívidas com o Pet, Romário...

7. Gostaria de ouvir a preleção do Joel antes dos jogos e o que ele
fala antes dos treinos. Aliás, uma semana na Gávea ou no Ninho do
Urubu faria com que eu desse mais contribuição ao time que o Joel em
10 anos lá. E faria tudo de graça. Em primeiro lugar, o Leo Moura não
seria meu capitão, pediria ao Ibson para não dar ataque de pelanca em
campo. Acabaria com essa coisa de rachão. Meus treinos durariam mais
de meia hora e teria parte tática, técnica, posicionamentos,
fundamentos. O Love entraria em forma novamente, o Adryan não seria
esquecido na meia esquerda, o Magal seria tudo, menos jogador de
futebol. O Marllon retornaria à escolinha de futebol para aprender
posicionamento e noção de cobertura. O Negueba e o Wellington seriam
emprestados de graça para qualquer clube do mundo, com duração do
empréstimo até o final do contrato. O Thomaz receberia mais chances no
time profissional. Treinaria posicionamento em escanteios, jogadas de
contra-atque, jogadas ensaiadas em cobrança de falta. Volante não
seria lateral direito nem esquerdo. Meia de criação não seria
atacante. Atacante não seria meia. E quem não se enquadrasse nesse
novo panorama, que viesse a público falar. Ninguém neste time é
imprescindível. Ninguém faz ou fez pelo Flamengo qualquer coisa que
mereça outra coisa que não seja salário em dia e condições boas de
treino e exercício da profissão. Eu incomodaria dirigentes,
empresários, imprensa e parte da torcida. Mas quem acreditasse nas
minhas palavras, veria um Flamengo forte, que respeita sua história,
sua torcida e seus profissionais. Ter uma folha salarial de 6 milhões
de reais e um futebol de terceira é uma aberração.

Mas, saberemos que não será assim que as coisas funcionarão.
Infelizmente. Conheço uns 10 rubro-negros que promoveriam mudanças no
clube. Que seriam ótimos administradores, dirigentes de futebol,
treinadores, advogados, gente para área de finanças e marketing. Todos
sem interesses obscuros ou querendo enriquecer às custas do clube.
Como esse grupo, existem outros rubro-negros capazes, íntegros e que
podem ajudar. Precisamos trazer essas pessoas para o clube.
Conseguiremos um dia?

E como a velha política do "pão e circo", é capaz do clube anunciar o
Riquelme, a imprensa fazer festa e a torcida (eu não!) se enganar e
acreditar que está tudo bem, que seremos campeões e que os problemas
acabaram. O clube pode contratar quem quiser ou puder, vencer 3 ou 4
partidas, mas isso não mudará ou acabará com os problemas do clube. A
conquista do brasileiro em 2009 é a prova irrefutável disso tudo que
falei até aqui. Aliás, contratar o Riquelme, trazer o Adriano, é ter a
certeza de que teremos um quarteto de ex-jogadores em atividade em
campo: Leo Moura, Renato Abreu, Riquelme e Adriano. Tudo isso a um
custo superior a 1,5 milhão de reais por mês (18 milhões/ano +
encargos trabalhistas e fiscais). É mole? Investimento alto sem
retorno algum em campo com vitórias, bom futebol e resultados. Algo
corriqueiro às gestões do Flamengo (vide também os salários pagos a
jogadores como Willians, Kleberson, Rodrigo Alvim, David Braz,
Galhardo, Gustavo, Junio Cesar, R10, Angelim e outros).

Por fim, enquanto a torcida arco-íris ecoa sobre a tal "Fla-Press", eu
fico indignado com os jornalistas e comentaristas esportivos. Há uma
preocupação muito maior em publicar reportagens e notícias
sensacionalistas do que realmente discutir ou forçar a reflexão sobre
os problemas do clube e do time. Se houvesse uma imprensa tendenciosa,
seria esta burra e que presta um desfavor ao Clube de Regatas do
Flamengo. Se a preocupação for vender jornal ou espaço na mídia,
independentemente do teor da publicação, ok, mas que se admita isso. A
própria imprensa tem sua parcela de culpa. Poderia ser muito mais do
que realmente é. E os comentaristas esportivos ao tecerem comentários
sobre determinados jogadores (exemplo: Ibson e Leo Moura), deveriam ao
menos assistir as partidas do Flamengo, porque para falar o que falam,
devem fazer de tudo, menos assistir aos jogos do time.

Sou advogado, tenho 31 anos, rubro-negro de carteirinha e de coração.
Daqueles que vão aos estádios, compram produtos oficiais, lêem tudo
sobre o clube, conhecem a história e fazem questão de discutir futebol
com propriedade. Sempre me considerei um sortudo por ter nascido em
81, ano do nosso mundial. Nas maiores vitórias e derrotas que o
Flamengo sofreu no futebol nos últimos 20 anos, certamente em 95% eu
estava presente (me sujeitando na maioria das vezes ao descaso dos
dirigentes com a questão de ingressos, segurança e conforto dos
torcedores no estádio e com as ações de cambistas acobertados por PM´s
e gente de dentro do clube). Mas, as sucessivas e repetitivas
besteiras perpetradas pelas últimas administrações do Flamengo, em
especial, esta última, estão conseguindo a proeza de anestesiar esse
amor que sinto pelo clube. Cada vez mais, a razão está ocupando o
lugar da paixão, fazendo com que eu me convença de que na vida há
coisas muito mais importantes para me preocupar do que propriamente
perder meu tempo com o Flamengo. Até porque, essa situação só
enriquece e agrada a empresários, dirigentes e jogadores (medíocres),
que não estão nem aí para os torcedores.

Se há esperança? Não sei.

Estão acabando com o Flamengo e com o amor que torcedores de bem (e de
verdade) sentem por ele".

SRN.

Rafael Murad

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